O dia em que voltei para mim mesmo (e nunca mais parei de criar)
Not afraid de Eminem não para de tocar em minha cabeça...
O mundo ao meu redor
Esse mundo está lotado de gente vazia. Vazia de conhecimento, de caráter, de alma. E desde adolescente, eu percebi que tinha uma habilidade estranha: eu entrava em qualquer lugar e conseguia sentir o que as pessoas estavam sentindo. Felizes, tristes, perdidas — eu sacava. Comecei a chamar isso de intuição. E não era uma intuição qualquer, era afiada. Eu sabia quando estava fazendo a coisa certa ou não. Sabia e confiava nisso.
Escola: O começo do vazio
Mas, aos poucos, a escola foi virando um saco. Todo dia parecia igual. Eu sabia que aquilo ali não ia me levar a lugar nenhum. E, pra piorar, comecei a reparar nas pessoas ao meu redor. Cara, que vazio. Gente sem brilho no olho. Isso me jogou num abismo mental. Existencial, mesmo. E eu queria tanto mostrar pros meus pais que eu estava me esforçando. Meu pai queria que eu jogasse futebol, estudasse finanças e economia. Minha mãe sonhava que eu fizesse medicina. Meus tios? Queriam que eu bebesse com eles — eu tinha 16 anos, pra variar. Meus amigos da escola? Todo mundo queria que eu escolhesse um caminho rápido depois do ensino médio, qualquer um, desde que fosse rápido. Sem pensar muito. Eu me vestia, falava e agia do jeito que o mundo de fora esperava. E o medo deles — o medo de falhar, de se atrasar — era jogado em mim como uma mochila de pedra.
O fundo do poço
Não é surpresa que em 2018 eu repeti o ano. Olhei na cara dos meus amigos e soltei: “A gente se vê por aí”. Por dentro, eu sabia que ia me recuperar. Sabia, mas não fiz nada. 2019 chegou e eu era o mesmo de antes. Mesmos hábitos de merda. Não lia um livro, não meditava, e o pior: comecei a ter crise de pânico. Pra fugir disso, eu fazia de tudo. Jogava videogame, assistia pornografia, chamava os "amigos" pra qualquer rolê sem sentido. Mas o meu favorito era ouvir música bem alto. Com o fone de ouvido, eu não precisava ouvir meus próprios demônios.
Diálogos clichês que não ajudam
Eu tentava falar com minha mãe. “Tô triste, mãe. Não sei o que fazer da minha vida”. E ela vinha com aquela resposta clichê: “Você tem tudo, meu filho. Tem amigos, tem família, tem apoio. Não tem motivo pra isso”. Final de 2019, tomei outra bomba na escola. Repeti de novo. Agora, era pior. Ver o dinheiro dos meus pais indo pro ralo me fez me sentir um completo merda. Eu sabia que precisava estudar, mas o problema é que eu não queria. Não queria essa vida pra mim. De novo, vi meus amigos passarem de ano e eu falei: “A gente se vê por aí”.
2020
Sem pausa pra pensar, eu continuei. Segui o fluxo. “Deixa a vida me levar”. Em 2020 a pandemia chegou para piorar tudo. Mas, um dia, final de 2020, veio o pior momento de minha vida. Pedi um hambúrguer pra comer sozinho em casa. Era tanta merda na minha cabeça que eu preferia a solidão. Tava assistindo série e fumando vape. Do nada, o coração disparou. Olhei pra baixo e meu peito estava doendo. Levantei e tava sentindo o coração bater a mil por hora — certeza que era um infarto.
Desci as escadas correndo. Saí de casa. Tentei respirar, puxar ar fundo. E comecei a rezar. Eu nunca tinha rezado daquele jeito antes. Olhei pro céu e comecei a enxergar uma versão minha do futuro. Um cara sedentário, burro, cuidando da empresa do meu pai, sendo chamado de playboy de merda. Meu coração ainda tava descontrolado. Nessa hora, eu percebi: “Isso é uma crise de pânico”.
Fiquei ali, tentando me acalmar enquanto eu conversava com Deus. O mais louco é que eu ouvi uma voz interna (ou foi Deus, sei lá) me dizendo: “Volta pra casa e escreve tudo isso”. E foi isso que eu fiz. Subi as escadas devagar, vendo a mim mesmo em terceira pessoa. Um moleque perdido. Ninguém ia me salvar. Ninguém. Então eu abri a porta do meu quarto, catei um caderno velho e comecei a escrever todas as merdas que estavam presas na minha cabeça.
O poder de escrever
Escrevi sobre os traumas, as amizades, as falhas, as repetições. Cada lágrima que caía na página parecia levar um pouco do peso do meu peito. Eu não sabia onde aquilo ia dar, mas, pela primeira vez em muito tempo, meu coração foi desacelerando.
Meu Caderno
Esse caderno virou meu companheiro de todo dia. Os dias ainda eram cinzas, mas alguma coisa dentro de mim começou a mudar. Era como se eu tivesse apertado um botão de "consciência" na minha vida. Escrever sobre meus medos, minhas crenças, minha rotina — virou um tipo de meditação.
Depois de rabiscar tudo sobre mim, comecei a me fazer perguntas que não saíam da cabeça: o que eu tô fazendo aqui? Pra onde eu quero ir? Por que tudo isso tá acontecendo comigo? E, mais importante, o que isso tá tentando me ensinar? As frases negativas que antes infestavam minha mente começaram a perder força. Elas foram sendo substituídas, tipo reescrevendo a programação do meu cérebro:
💭 De "Eu errei" para "Eu aprendi"
💭 De "Por que isso tá acontecendo comigo?" para "O que isso tá me ensinando?"
💭 De "Tô atrasado" para "Tudo vai acontecer na hora certa"
💭 De "Ainda não tô pronto" para "Não existe momento perfeito pra começar"
💭 De "Vou mostrar pra eles como sou bom" para "Vou fazer essa merda por mim, e só por mim"
O Exercício dos 20 Minutos
20 minutos de escrita por 4 dias seguidos. Sem me preocupar com gramática, ortografia, nada disso. Era só despejar o que tava na cabeça. Depois desses 4 dias, eu largava o caderno quieto por 2 dias. Não olhava, não relia. Quando dava vontade (e sempre dava), eu pegava o caderno de novo e lia o que eu tinha escrito. E, cara, não vou mentir, às vezes eu chorava, às vezes dava ansiedade. Mas esse era o ponto: encarar de frente tudo o que eu já tinha vivido e aceitar isso.
Mudando as Lentes
Foi nesse exercício que comecei a ver minha vida com novos olhos. Criar "novas lentes" veio de várias formas. Uma delas foi parar de seguir tanta gente sem sentido no Instagram e começar a acompanhar gente que falava sobre as coisas que eu gostava de verdade. Esse diário, que era só um caderno velho, acabou virando meu melhor amigo. Sem julgamento, sem pressão. Só eu e ele. E foi o bastante.
De Caderno para Transformação
Só escrever não foi suficiente. Quando a poeira baixou e eu consegui ver minha vida com mais clareza, comecei a escrever sobre mim — mas não eu do presente. Escrevi sobre uma versão mais foda de mim: mais rico, mais forte, mais criativo, mais inteligente. Era essa a imagem que eu via dentro de mim, bem lá no fundo. E eu sabia que ela podia sair pro mundo real.
Aos poucos, comecei a ser mais seletivo com os lugares que eu frequentava e as pessoas que eu deixava por perto. Comecei a correr. Comecei a estudar todos os dias. E, o principal, decidi que ia criar algo pro mundo.
Tudo Isso Já Virou História
E depois? O que aconteceu?
Essa lista que eu escrevi no começo de 2024 virou história. Tudo riscado. Tudo dominado. Não posso me iludir — já foi. Já aconteceu.
Agora, toda manhã, eu me pergunto: qual a próxima dor que vai me trazer uma nova vitória?
E agora eu te pergunto:
Qual vai ser o seu primeiro passo?
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Cara, eu acho que nunca li um texto no substack que me prendeu, tanto. Você com certeza é inspiração pra muitos Henrique, parabéns pelo trabalho que vem fazendo, você está mudando vidas.
perfeito, sinto muita sinceridade, me identifiquei com tudo 🫶🏻